O que são os
livros apócrifos e quais são eles? Devemos lê-los?
Gostaria de saber um pouco mais sobre os livros
apócrifos? Porque é que alguns livros da Bíblia são aceites e outros não? Quem
é que determina que um livro é inspirado e outro não? E quais são os livros
apócrifos que temos hoje em dia? Devemos ler esses livros ou eles têm muitas
heresias que podem atrapalhar a nossa fé?
Realmente este tema
dos livros chamados apócrifos causa muita confusão na mente das pessoas, pois
são livros considerados não inspirados por Deus. Para esclarecer um pouco esta
questão, farei um estudo abaixo sobre este tema, baseado nestas perguntas:
O
que são os livros apócrifos?
(1) A
palavra apócrifo, de origem grega, significa “coisas ocultas” e aponta para
escritos sem autenticidade. É uma referência aos livros que são apontados como
não inspirados, ou seja, livros que não devem ser estudados como se tivessem
sido inspirados por Deus. Aqui nós temos uma diferença bem grande entre o que
os evangélicos e católicos pensam quanto a esses livros.
Os
apócrifos na visão dos católicos
(2) Para
os católicos, aqueles livros que não eram aceites como inspirados
pelos judeus da palestina, ou
seja, que não fazem parte da Bíblia judaica, eles consideram-nos como uma
espécie de segunda leva de livros inspirados por Deus. Por isso, lhes chamam de
deuterocanônicos (pertencentes ao segundo cânon). Esses livros são: Tobias,
Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico ou Sirácida, Baruque, Epístola de
Jeremias, Primeiro e Segundo Macabeus e os acréscimos a Ester (Ester Grego) e a
Daniel (A Oração de Azarias, A Canção dos Três Jovens e as histórias de Suzana
e de Bel e do Dragão). Assim, para os católicos, estes livros acima, mesmo não
constando na Bíblia judaica, são inspirados e os outros que existem (veja no
ponto 4) são os que eles chamam de apócrifos (sem autenticidade).
Os
apócrifos na visão dos evangélicos
(3) Já
para os evangélicos, todos esses livros adicionais que os católicos chamam
de deuterocanônicos são considerados como apócrifos e ainda todos os outros que
também os católicos consideram apócrifos (veja no ponto 4). Os evangélicos
consideram que se os judeus, que receberam as primeiras revelações de Deus,
consideram esses livros como não inspirados e não os incluíram na Bíblia
judaica, essa decisão merece ser considerada, pois foi fruto de centenas de
anos de estudo e considerações sobre o texto sagrado de um povo que foi
guardião das revelações de Deus durante séculos.
Quantos
livros apócrifos existem?
(4) Para
se ter uma ideia, a quantidade de livros apócrifos é quase infinita. Abaixo
citarei alguns dos mais famosos, porém, temos centenas de apócrifos conhecidos:
O pastor de Hermas, Epístola de Barnabé, o Apocalipse de Pedro, Didaque, 1
Clemente, Laodicenses, Apocalipse das Semanas de Enoch, Proto Evangelho Segundo
Tiago, Atos de João, A infância de Cristo Segundo Pedro, A Infância de Cristo
Segundo Tomé, José o Carpinteiro, A Sophia de Jesus Cristo, Epístola a
Diogneto, Cartas do Senhor, Ciclo de Pilatos, Declaração de José de Arimateia,
Agrapha extra-evangelho, Evangelho Segundo Bartolomeu, O Evangelho de Felipe, O
evangelho de Judas, O evangelho de Maria Madalena, O evangelho de Nicodemus,
Descida de Cristo ao inferno, O evangelho segundo Pedro, Evangelho segundo
Tomé, o Dídimo, O hino da Pérola, Manuscritos de Qumran (Mar Morto), O primeiro
livro de Adão e Eva, Livro de Melquisedeque, Oração de Manassés, Salmo 151,
Salmos de Salomão, etc. E nessa lista, segundo a visão evangélica, ainda se
incluem todos os livros que os católicos incluíram na sua Bíblia (veja no ponto
2) e que nós consideramos como não inspirados.
Por
é que evangélicos não aceitam os apócrifos
(5) Um facto interessante sobre os apócrifos é que grande parte
deles era escrito por autores que não revelavam os seus nomes, antes,
usavam nomes de personagens famosos dos livros que já eram considerados
verdadeiros para dar “poder” aos seus escritos e chamar a atenção. Mas a
natureza dos seus conteúdos, a forma de escrita e outros detalhes adicionais,
davam total possibilidade dos estudiosos escribas identificarem esses factos e
os rejeitarem como verdadeiros.
Os evangélicos seguem
o cânon judaico que não só rejeita os livros que a Bíblia católica tem a mais,
mas também todos os outros que foram escritos tanto antes como depois de Cristo
e que, claramente, contêm erros grosseiros.
(6) Para
não alongar muito o estudo, vou deixar apenas como exemplo algumas heresias de
um dos apócrifos mais famosos, 2 Macabeus:
a) A
oração pelos mortos: “Se não tivesse
esperança na ressurreição dos que tinham morrido na batalha, seria coisa inútil
e tola rezar pelos mortos. Mas, considerando que existe uma bela recompensa
guardada para aqueles que são fiéis até à morte, então esse é um pensamento
santo e piedoso. Por isso, mandou oferecer um sacrifício pelo pecado dos que
tinham morrido, para que fossem libertados do pecado” (2 Macabeus 12:44-46).
b) Culto
e missa pelos mortos (2 Macabeus 12:43)
c) O próprio autor não se julga inspirado
(2 Macabeus 15:38-40; 2:25-27)
(6) E
por fim, posso dizer que os apócrifos podem sim ser estudados com o fim de
sabermos de factos históricos das suas épocas, bem como de informações
importantes que aconteceram. Eles estão recheados de história. Porém, devem ser
lidos sempre com a ideia clara de que aquilo que mencionam não é considerado de
facto inspirado por Deus e, por isso, eles não gozam do mesmo peso dos livros
considerados canônicos (inspirados pelo Senhor).
Pajovi