Muitas pessoas têm dúvidas a respeito do real
significado da expressão “jugo desigual”, traduzida do grego para o português
desta forma em 2 Coríntios 6.14-15 (ARA): Não
vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode
haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?
Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o
incrédulo?
Vamos analisar o que diz o apóstolo neste
texto. Fica bastante claro se observarmos todo o contexto, sobre o que está o
apóstolo Paulo a falar, é sem dúvida acerca da “sociedade”, da “comunhão”, da “harmonia”,
da “união” e da “ligação” entre servos de Deus e as pessoas incrédulas (2
Coríntios 6.14-18) (ARA). Todas estas palavras escritas por Paulo, reforçam o
pensamento de que o crente deve avaliar com muito cuidado os seus laços de
relacionamentos e negócios com incrédulos.
Posto isto, vamos avaliar a
expressão grega “heterozugeo”, traduzida para o português como “jugo
desigual”. No grego a expressão aponta para alguém que tem um relacionamento
desigual ou que tem comunhão com alguém que não é semelhante. (Léxico Hebraico, Aramaico e
Grego de Strong). Em português a palavra “jugo” aponta
para uma “canga ou junta de bois” (Dicionário
Priberam),
que é um objeto que une dois bois para que andem no mesmo compasso, enquanto
puxam o carro de bois. Uma figura bastante clara de “algo” que une duas ou mais
pessoas à volta de um objetivo comum. Se o jugo estiver desigual, os bois não
conseguem atingir o objetivo de fazer o carro de bois andar corretamente, além
de sofrerem muito.
Para compreendermos o significado real do
texto, precisamos ainda avaliar as palavras citadas por Paulo para apontar este
tipo de união: sociedade, comunhão, harmonia, união e ligação.
A palavra sociedade, traduzida do grego “metoche”, significa partilhar,
participar. A palavra comunhão, traduzida do grego “koinonia”, significa ter uma
relação de intimidade, de comunhão íntima com alguém. A palavra harmonia,
traduzida do grego “sumphonesis”,
significa concordância, acordo. A palavra união, traduzida do grego “meris”, significa uma parte
designada, traduzida nalgumas versões bíblicas em português como “em comum”. A
palavra ligação, traduzida do grego “sugkatathesis”, significa
aprovação, assentimento, acordo. (Léxico Hebraico,
Aramaico e Grego de Strong).
Colocados os significados das expressões,
podemos entender sobre o que Paulo está a falar neste texto. Paulo está a falar
de uma união de pensamentos e propósitos nas relações entre crentes e
incrédulos. Uma união de intimidade que os faz andar nos mesmos propósitos.
Propósitos, é claro, de conflito com a sã doutrina (jugo desigual), por isso
mesmo totalmente rejeitados por Deus.
Penso que Paulo não está a proibir aqui, todo
o tipo de relacionamento com incrédulos, caso contrário, seria impossível
realizar a obra de evangelização ordenada por Jesus e até mesmo viver neste
mundo.
O que está em questão aqui, é uma união de
propósitos que nunca combinarão, devido ás suas diferenças notórias. Repare nas
perguntas de Paulo, que nos mostra o contraste claro deste tipo de união de
propósitos: “que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade?
Ou que comunhão, da luz com as trevas? Queharmonia,
entre Cristo e o Maligno?
Ou que união, do crente
com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?”
(2 Coríntios 6.14-16)
A diretiva de Paulo, expõe o porquê de Deus
não querer este tipo de união na vida dos Seus servos: 2 Coríntios 6:16-18 (ARA)” Que ligação há entre o
santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como
ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles
serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o
Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei
vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.”
Assim, o crente deve ser sábio para avaliar
que tipo de “sociedade”, “comunhão”, “harmonia”, “união” e “ligação” assume com
alguém descrente, pois podem ser prejudiciais à sua vida de cristão e estar em
desacordo com a vontade de Deus. Lembrando que Paulo traz a ideia de que o
crente é o santuário de Deus, ou seja, Deus habita nele. No Antigo Testamento,
quando o templo ainda existia, muitas vezes o povo de Deus trouxe coisas
impuras para dentro do tempo, contaminando-o e provocando a ira de Deus e
grande calamidade sobre si. O crente em Jesus, sendo santuário de Deus, não
pode imitar esse mau costume prejudicial.
Para concluir, é interessante notar que Paulo
não nos deixou nenhuma lista para exemplificar que tipos de uniões estariam
incluídas na sua proibição. Eu também não tenho a ousadia de deixar nenhuma
lista. Creio que cada um deve avaliar caso a caso para tomar decisões acertadas
sobre as relações de comunhão e intimidade que assume com descrentes, se estão
ou não debaixo da bênção de Deus, se estão ou não em conformidade com a sã
doutrina, se são ou não um jugo desigual.
A base para a tomada de decisão, está clara nas
palavras de Paulo nas Escrituras Sagradas.
Pajovi 2022