Não
me lembro bem como era quando te conheci, as memórias estão baralhadas na minha
cabeça, tenho montanhas delas, umas boas, outras nem tanto.
Não me lembro de quando
ficámos tão longe um do outro, nem o porquê, lembrar-te-ás tu?
Somos diferentes um do outro! Será
que somos? Bem eu sou introvertido e penso que tu não o és. Penso em ti como
sendo extrovertida, brincalhona! Serás assim como eu te imagino? Às vezes penso
que te desiludi, será que foi isso que criou o fosso que nos separou durante
tantos anos?
Quando te conheci, senti sentimentos
contraditórios, não os soube avaliar completamente, não sei se ainda hoje os
consigo analisar mesmo após todos estes anos.
Após
algum tempo e com a doença do pai, atravessei uma situação complicada e de
sentimentos antagónicos. Os dias em que tive de andar com ele de um lado para o
outro, o dispêndio monetário e de tempo e as grandes complicações que tudo isso
envolveu, a título pessoal e familiar. Toda esta situação me transtornou.
Falando um pouco do pai. Tu nunca o
conheceste na realidade, as poucas vezes que estiveste com ele não deu por
certo para te aperceber de quem ele era. Ele nunca foi um pai muito presente na
minha vida. Tal como tu, eu também não tive o apoio de um pai na acepção da
palavra. Excepção feita nos últimos anos de vida, talvez porque ele estava mais
dependente.
Quando era mais jovem e nas alturas
em que mais necessitei de ter alguém que me compreendesse e me apoiasse, ele
não estava lá. O meu mentor ou o meu apoio na minha juventude foi o avô! Estava
sempre lá quando era preciso, para me apoiar, para me incentivar, para me
escutar. Foi com ele que ganhei o gosto pela leitura, foi ele quem me ensinou a
conduzir, era com ele que desabafava. Simplesmente estava sempre lá.
Sempre que
necessitava de um conselho, eu ia ao Cartaxo para falar com ele. É bom não
esquecer que eu saí do Cartaxo sozinho aos 15 anos.
É a primeira vez que desabafo desta
maneira, não sei porque nunca o fiz, nem sei muito bem porque estou agora a
fazê-lo.
Todos nós estamos a precisar de um
tempo, para analisar tudo o que sentimos. Que
necessito de te ver é inquestionável. Explicar tudo o que aconteceu não
consigo.
És minha irmã e Amo-te. Não
sei explicar porquê mas Amo-te! Mesmo que não o mostre como deveria. Mas sim,
Amo-te.
Pajovi
2014
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