sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Carta aberta à minha irmã.

          Não me lembro bem como era quando te conheci, as memórias estão baralhadas na minha cabeça, tenho montanhas delas, umas boas, outras nem tanto.
             Não me lembro de quando ficámos tão longe um do outro, nem o porquê, lembrar-te-ás tu?  
            Somos diferentes um do outro! Será que somos? Bem eu sou introvertido e penso que tu não o és. Penso em ti como sendo extrovertida, brincalhona! Serás assim como eu te imagino? Às vezes penso que te desiludi, será que foi isso que criou o fosso que nos separou durante tantos anos?
            Quando te conheci, senti sentimentos contraditórios, não os soube avaliar completamente, não sei se ainda hoje os consigo analisar mesmo após todos estes anos.          
            Após algum tempo e com a doença do pai, atravessei uma situação complicada e de sentimentos antagónicos. Os dias em que tive de andar com ele de um lado para o outro, o dispêndio monetário e de tempo e as grandes complicações que tudo isso envolveu, a título pessoal e familiar. Toda esta situação me transtornou.
            Falando um pouco do pai. Tu nunca o conheceste na realidade, as poucas vezes que estiveste com ele não deu por certo para te aperceber de quem ele era. Ele nunca foi um pai muito presente na minha vida. Tal como tu, eu também não tive o apoio de um pai na acepção da palavra. Excepção feita nos últimos anos de vida, talvez porque ele estava mais dependente.
            Quando era mais jovem e nas alturas em que mais necessitei de ter alguém que me compreendesse e me apoiasse, ele não estava lá. O meu mentor ou o meu apoio na minha juventude foi o avô! Estava sempre lá quando era preciso, para me apoiar, para me incentivar, para me escutar. Foi com ele que ganhei o gosto pela leitura, foi ele quem me ensinou a conduzir, era com ele que desabafava. Simplesmente estava sempre lá. 
             Sempre que necessitava de um conselho, eu ia ao Cartaxo para falar com ele. É bom não esquecer que eu saí do Cartaxo sozinho aos 15 anos.
            É a primeira vez que desabafo desta maneira, não sei porque nunca o fiz, nem sei muito bem porque estou agora a fazê-lo.
           Todos nós estamos a precisar de um tempo, para analisar tudo o que sentimos.  Que necessito de te ver é inquestionável. Explicar tudo o que aconteceu não consigo.
             És minha irmã e Amo-te. Não sei explicar porquê mas Amo-te! Mesmo que não o mostre como deveria. Mas sim, Amo-te.



Pajovi            2014

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